MG é o Estado que mais recorre à energia solar em todo o país

Ter uma pequena usina de geração de energia no quintal ou no telhado de casa é uma opção cada vez mais comum no Brasil e, em especial, em Minas Gerais. De cada cem micro ou minigeradores de energia solar – conhecidos como painéis solares –, 24 estão no Estado, que lidera o ranking feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No país, são 5.040 microusinas de todos os tipos – solares, de biomassa, gás, pequena central hidrelétrica e outras –, mas 4.555 são solares. Minas Gerais tem 1.226 destas, quase o dobro de São Paulo, o segundo colocado, com 711 instalações. Do total espalhado em território mineiro, mais de 70% está em residências.

Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é a cidade com maior número de painéis solares no Brasil. Em Minas, se destacam também Belo Horizonte, Sete Lagoas, Betim e Montes Claros.

A economia na conta de luz é a principal vantagem do sistema para o usuário. Dênio Alves Cassini, técnico e engenheiro de energia da Efficientia, braço da Cemig para eficiência energética, calcula que o custo para instalar um watt de potência fique entre R$ 5 e R$ 6,50. As usinas mais comuns têm pelo menos 3 kW (3.000 watts), o que significa investimento entre R$ 15 mil e R$ 19,5 mil. Essa geração é suficiente para abastecer a residência de uma família de quatro ou cinco pessoas com eletrodomésticos variados.

O valor do investimento é “recuperado” em forma de economia de energia em cinco ou seis anos. Como o equipamento tem vida útil de 20 a 25 anos, o cliente ainda terá uma grande economia.

Nos prédios da RKM Engenharia, os painéis solares estão presentes desde 1987. A diretora comercial da empresa, Adriana Bordalo, calcula que a economia na conta de energia dos moradores dos edifícios que têm o sistema seja de 50%. “O apartamento pode ficar um pouco mais caro, mas é um investimento de médio e longo prazos, porque reduz o uso de energia e o morador economiza”, afirmou.

Cassini disse que o uso do sistema vem crescendo porque a conscientização das pessoas está aumentando e também devido a uma mudança de regras que a Aneel promoveu em 2012. “Essa mudança facilitou acesso do consumidor residencial e do pequeno comerciante ao sistema”, disse. Naquele ano, a agência reguladora fixou normas para a integração das microgeradoras à rede das distribuidoras e ampliou o volume máximo de energia a ser gerado.

Como funciona. Os painéis solares instalados em casas são conectados à rede de distribuição da Cemig. Para isso, é preciso apresentar a documentação da instalação à empresa.

Como não é possível armazenar energia elétrica, a pessoa não usa, necessariamente, o que é gerado em sua casa. A energia é enviada à rede de distribuição, e o gerador fica com um crédito no mesmo volume para ser utilizado em até 60 meses.

Mesmo que produza toda a energia que gasta, o consumidor ainda paga um valor mínimo para a Cemig, por usar a rede distribuidora. Esse valor varia de acordo com a classe de consumo (residencial, comercial, industrial) e com o tipo de instalação (monofásico, bifásico, trifásico).

Análise

Posição. Sobre a liderança de Minas no ranking, Dênio Cassini disse que “a Cemig pesquisa e investe em energias renováveis desde 2002 e foi ágil em implantar as regras da Aneel”.

Vantagens para o meio ambiente

Impacto. Ao contrário da construção de uma grande usina hidrelétrica, a instalação das usinas solares não causa impactos ambientais, como alagamento de grandes áreas, por exemplo.

Renovável. A energia solar é renovável, diferentemente de outras fontes, como gás, óleo e carvão. Outro tipo de energia renovável é a eólica (dos ventos).

Limpa. A geração solar ou fotovoltaica não produz resíduos nem emite gases poluentes. Por isso, não contribui para o aquecimento global.

Barata. Depois de recuperado o investimento, a geração solar é gratuita, já que não é preciso equipamentos para produzir a energia. O sistema também demanda pouca manutenção.

O torcedor que vai ao estádio não vê, mas uma usina de energia solar, com cerca de 6.000 painéis, funciona na cobertura do Mineirão desde sua reforma para a Copa do Mundo de 2014. O estádio foi o primeiro do país a ter um sistema interno de geração de energia. Hoje, os estádios Maracanã (Rio de Janeiro), Pituaçu e Fonte Nova (Salvador) e Arena Pernambuco (Recife) também geram energia solar.

A chamada usina Mineirão foi instalada em parceria com a companhia e gera energia equivalente ao consumo médio de 1.200 residências, de acordo com a Cemig. O que o estádio produz não é usado lá porque, para isso, seria necessário instalar baterias, que têm vida útil curta e não são abastecidas com energia “limpa”, como a solar.

A opção é enviar a energia gerada para a rede de distribuição da Cemig e receber a da empresa. O estádio tem “descontos” na conta de luz, que equivalem ao mesmo volume gerado por sua usina.

Selo. O Mineirão não informou qual o consumo no estádio, mas disse que é um volume inferior ao gerado pela usina, principalmente quando há jogos noturnos.
Iniciativas como a implantação da usina garantiram ao Mineirão a qualificação máxima da Leed, uma certificação internacional de sustentabilidade, adotada em 143 países – um dos selos mais importantes do mundo entregues a edificações.

Governo de Minas apresenta plano de energia em Paris

Ampliar o uso de tecnologias de aquecimento solar é um dos objetivos do Plano de Energia e Mudanças Climáticas (PEMC) de Minas Gerais, lançado em 2015 e que vem sendo implementado aos poucos. A iniciativa foi apresentada na Conferência do Clima, em Paris, nesta semana.

De acordo com o Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema), o plano abrange “todos os setores que tenham impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa e/ou que sofram os efeitos das mudanças climáticas”.

O PEMC tem ações para energia, agricultura, uso do solo, resíduos, transporte e outros. Entre as previstas para energia estão tornar a eficiência energética um requisito nas licitações para compra de equipamentos e produtos e incentivar a outras fontes.

Fonte: O Tempo

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