Maquinista aposentado lavrense lança livro com histórias de ferrovia 

 

 

Linhas de trem e locomotivas serviram de inspiração para um escritor colocar no papel as suas memórias e conhecimentos sobre o funcionamento da ferrovia em forma de ficção.

Essa é a proposta do livro “Um Fantasma no Trem”, escrito pelo maquinista aposentado Carlos Antonio Pinto, 54 anos, hoje membro da Academia Lavrense de Letras. Natural de Bom Jardim de Minas, ele reside em Lavras há décadas. A obra começou a ser escrita há mais de 10 anos.

“Se você se perguntar alguma coisa sobre ferrovias e trens, a resposta poderá estar neste livro. São 440 páginas com comboios ferroviários. Seguindo por linda paisagem ou por túneis que apagam locomotivas; passando por estações bonitas e outras nem tanto; trens parados nos sinais indecifráveis ou, às vezes, desgovernados serra abaixo. As locomotivas em seu momento de imponência em si e em seu momento de simples joguetes à frente dos pesados vagões… e quase se ouve o ronco dos motores. E tem os ‘causos’ do longo da linha, das travessias tenebrosas, das passagens nem sempre românticas com as ‘maria-fumaça’, dos trens de passageiros que não deram certo… e o porquê de, no Brasil, termos tão poucos trens de ferro na paisagem”, me explica o autor.

A saga do livro conta a história do bancário aposentado Ananias, um “louco por trens”, cuja morte, provocada por um acidente em decorrência de se distrair ao ver os trens ao lado da rodovia, leva seu espírito a peregrinar em viagens nos trens cargueiros, onde encontrará um maquinista que tem algo em comum com ele. Mas, no romance, a lógica bruta de um (Donadon), se contrapõe ao romantismo do outro (Ananias).

Através do olhar de Ananias e das ações de Donadon, o leitor acompanha histórias que abordam “causos” e problemas como a nossa infraestrutura ferroviária, por vezes deficiente, e esmiúça os mecanismos que dão funcionamento (ou não) à ferrovia, desde locomotivas se afogando dentro de túneis até as mais esquisitas e indecifráveis instalações. Enfim, o livro serve como mote para uma viagem sentimental, objetiva, crítica e analítica do narrador.

Carlos Antonio Pinto trabalhou por 26 anos na Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).  Ele conta que a obra busca servir como um guia para todos aqueles cidadãos apaixonados por trens de carga e passageiros. Como maquinista cortou várias cidades a frente de trens, como Divinópolis, Barra Mansa, Três Corações, Arcos, Angra dos Reis, entre outras.

Capa do livro do autor.

“Como é a sensação de conduzir sozinho um trem-de-ferro durante a noite escura, pelo meio do mato? Aparecem assombrações à frente do trem? Se discos-voadores apagam motores de tratores, podem apagar locomotivas? Por que o trem não para de imediato quando os freios são aplicados? O livro serve para matar essas e muitas outras curiosidades, das pessoas que gostam dos trens”, disse o escritor.

Para o maquinista aposentado, falta-nos algumas ligações férreas estratégicas de carga para o mercado interno; ligações que até já existiram antes. Teriam que ser refeitas em perfil mais moderno. Ele argumenta que o fato de termos duas medidas diferentes de bitolas (medida de um trilho ao outro) foi o principal fator para a derrocada da ferrovia brasileira, mas houve, também, certo sucateamento apressado.

“Tivemos 30 mil km de linhas operacionais, sendo que hoje mal temos 20 mil km. Isso não é nada diante dos Estados Unidos que possuem, em bitola única, 300 mil km no país. Eles, ao contrário de nós, que usamos ferrovia apenas para exportar, apostaram no segmento ferroviário para o mercado interno”. “No Brasil, muita carga de trem não está no trem”, diz.

Carlos Antonio Pinto, que também é articulista na mídia nacional sobre o tema, acredita que apenas preservar o patrimônio ferroviário não resolverá o problema do setor, mas sim fazer investimentos que garantam modernização do que está em uso e expansão das linhas, visando atender o mercado interno de cargas.

O livro “Um Fantasma no Trem” pode ser adquirido através da página do perfil do escritor no Facebook  (https://www.facebook.com/carlos.antoniopinto) e pelo telefone (35) 9 92289601.

 

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