Mais de 280 mil consumidores da Cemig foram prejudicados por pipas este ano

Soltar pipas é uma das brincadeiras mais populares entre as crianças e adolescentes em todo o país e, no inverno, essa atividade ganha mais força, devido à intensidade dos ventos típicos desta estação do ano e pela coincidência com as férias escolares.

Mas a diversão pode gerar prejuízos e trazer riscos à segurança da população se for realizada de forma irresponsável. Em Minas Gerais, de janeiro a maio deste ano, a Cemig registrou 840 ocorrências de interrupção no fornecimento de energia elétrica devido a essa prática, que prejudicaram mais de 284 mil consumidores da empresa.

O uso do cerol – mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos principais causadores dos desligamentos, causando o rompimento dos cabos de energia quando entra em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.

Segundo o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Venicio Aguiar, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia com a prática da brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la”, orienta.

Além disso, Aguiar alerta sobre um novo produto que vem agravar os problemas e os riscos: um tipo de fio cortante feito em escala industrial, chamado de “linha chilena”, produzido com materiais mais abrasivos que o cerol. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet”, diz o engenheiro.

Acidentes graves

Além dos prejuízos causados pela falta de energia, a Cemig também alerta para os riscos à segurança que a soltura de pipas pode trazer quando praticada próxima à rede elétrica, causando acidentes graves com as pessoas que as manipulam e também ocasionar acidentes com terceiros.

Demetrio Aguiar conta que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal para essas crianças, além do risco de rompimento do cabo, que pode atingir outras pessoas que estiverem passando no local.

O engenheiro chama a atenção, ainda, para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios.

“São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia, causando o choque elétrico”, explica Aguiar.

Lei proíbe linhas cortantes

A lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para recreação ou com finalidade publicitária, em todo o território do Estado de Minas Gerais. Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.

*Agência Minas

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