Falta de pagamento atrasa restauro de quadro da Igreja do Rosário

Um dos mais belos e raros quadros da pintura brasileira, A Verônica, que pertence ao acervo sacro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, passa por um novo momento de provação. Por falta de pagamento, todo o trabalho de restauro da peça foi suspensa, o que torna mais incerto o seu futuro.

De autoria desconhecida, o quadro, que lembra um estandarte, possui 1,20m de altura por 60 cm de largura, tendo permanecido por 12 anos no acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP), como foi confirmado na época pelo repórter que vos escreve. A peça foi entregue ao museu pelo produtor musical William Daghlian, que estudou no Instituto Presbiteriano Gammon entre 1958 e 1959.

Essa história foi revelada com exclusividade pela primeira vez pelo jornalista e escritor lavrense Pedro Coimbra em novembro de 2009, após entrevistar William Daghlian para o site Lavras 24 Horas. Ele disse na época que havia ganhado o quadro de um vigia da igreja. A peça estaria bastante deteriorada e permanecia sob uma pilha de tijolos. Na época da entrevista, William Daghlian afirmou que a tela era a mais antiga pintura brasileira do acervo do MASP, tendo sido concedida no século XVIII.

Segundo o gerente do Departamento de Cultura, Marcus Paullus Guimarães Passos, a verba de R$ 38 mil do Fundo Municipal do Patrimônio Cultural, advinda do programa ICMS Cultural do Governo do Estado, teria sido usada em outubro para outros fins pela gestão passada. Como a verba era carimbada e tinha como objetivo restaurar a peça, ele levou o problema para a Ouvidoria da Prefeitura Municipal.

O gerente informou que todo processo de restauração do quadro havia sido aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para reverter essa situação, Marcus Paullus informou que o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Lavras autorizou a captação de novos recursos a partir de fevereiro deste ano para o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural. Com essa decisão, o restauro da obra poderá ser efetuado.

Destino

O processo de restauro do quadro Veronica passa pela recepção, preparação e técnicas a serem usadas na obra pelo especialista que fará o trabalho. Marcus Paullus informou que neste primeiro momento o munícipio não tem condições para receber a peça. Ele alega que a Igreja do Rosário não oferece infraestrutura de segurança e logística para resguardar a integridade do quadro, mas que isso pode mudar a médio prazo.

Na época da descoberta do quadro, o caso ganhou repercussão na cidade e Minas Gerais. Órgãos como do Conselho do Patrimônio Histórico e o Ministério Público da cidade, através do promotor Carlos Alberto Ribeiro Moreira, tomaram providências para investigar o caso e pedir a devolução da peça, o que de fato ocorreu.

Em entrevista concedida ao jornal Tribuna de Lavras em 2014, o Dr. Alberto Ribeiro informou que o quadro Veronica seria enviado do MASP para a sede do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) onde uma instituição restauraria o mesmo. Ele disse também que a peça deveria ser encaminhada para o Museu Sacro de São João del Rei onde permaneceria de forma temporária pela instituição, até que Lavras tivesse um local adequado para ter a guarda definitiva do quadro.

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