Em uma semana, casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti disparam em Minas

Em uma semana, o Aedes aegypti mostrou toda a força da epidemia esperada para 2016 em Minas Gerais. Além da confirmação de duas mortes por dengue, as primeiras de 2016, as infecções pelos vírus que provocam a dengue, chikungunya, zika e os casos de microcefalia ligados a essa última doença cresceram expressivamente. Em um período de sete dias, os casos prováveis de dengue aumentaram 81% e os de febre zika em investigação mais que dobraram. A previsão da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) é de que esses últimos aumentem ainda mais nas próximas semanas, já que desde o dia 1º a notificação de infecção por zika passou a ser obrigatória, compulsória e universal, como já ocorre para os casos de microcefalia e de gestantes com sintomas.

Segundo Fernando Avendanho, assessor da Superintendência de Vigilância Epidemiológica Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-MG, vários fatores podem explicar o crescimento expressivo de casos em um período tão curto. “Ainda não fizemos uma análise, porque o banco de casos é formado a partir do cadastro de cada município. Entretanto, temos algumas suposições. Estamos trabalhando com as secretarias municipais de saúde a importância do cadastro imediato dos casos, mas isso depende da estrutura de cada cidade. O fato de janeiro ser um mês de férias, por exemplo, pode ter resultado em registros parados e só agora repassados”, explica Fernando, para quem o maior impacto deve ser o aumento de circulação do mosquito transmissor das três doenças.

O verão, e principalmente este período pós-chuva, é a época do ano mais propícia à circulação do vetor e, consequentemente, da transmissão dos vírus. Vários municípios estão vivenciando, agora, um aumento na proliferação do mosquito. “Temos uma expectativa negativa. Em relação à dengue, já fechamos janeiro com mais registros que o mesmo período em 2013, ano de maior número de casos em Minas. A partir de novembro há um aumento na circulação do Aedes aegypti e ocorre essa progressão de casos nos meses seguintes. Só em abril esse número deve começar a cair, assim como o das outras doenças transmitidas pelo mosquito”, projeta Avendanho.

No caso da chikungunya, muitos dos registros suspeitos são da divisa com o Rio de Janeiro. Não há nenhum confirmado. Embora o número de casos em investigação tenha aumentado 171%, a SES-MG ainda aguarda a confirmação de casos de transmissão autóctone, aquela que ocorre no próprio estado. Por enquanto, Minas só tem casos vindos de outros estados. Já em relação à zika, a situação é mais grave: o vírus que provoca a infecção já é transmitido por aqui. Na segunda-feira, a Secretaria Municipal de Juiz de Fora confirmou um caso de zika em uma gestante de 35 anos, mas o registro não entrou para os dados oficias porque o exame foi feito em laboratório particular. A SES-MG está tentando obter uma amostra do material para enviar aos laboratórios oficiais, da Fiocruz.

A microcefalia atribuída ao zika vírus também fez mais vítimas. Já são 85 casos notificados, entre bebês com perímetro cefálico menor que 32 cm e gestantes com exantemas, manchas vermelhas que são o principal sintoma da febre zika. São 19 recém-nascidos em investigação, contra oito da semana passada. Já as gestantes em acompanhamento passaram de 16 para 22.

REAÇÃO Questionada sobre as ações de enfrentamento ao mosquito, a Secretaria Estadual de Saúde informou ter investido R$ 66 milhões, recurso destinado a todos os municípios do estado. Uma das medidas é a “proposição de ações judiciais para garantir o acesso de agentes de combate às endemias e agentes comunitários de saúde aos imóveis abandonados”, em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais. Mas o governo federal já tornou isso realidade desde segunda-feira, com uma medida provisória que autoriza a entrada forçada dos agentes para verificar a presença de criadouros nesses imóveis.

Já o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à dengue, chikungunya e zika, criado no fim do ano passado, tem se encontrado com prefeitos e representantes de municípios em situação de risco. Uma reunião com o Executivo de todos as cidades de Minas, ainda sem data divulgada, será realizada com a Associação Mineira de Municípios (AMM). A SES-MG informou ainda que, no mês passado, realizou visitas técnicas às regionais com maior incidência de casos de dengue: Sete Lagoas, Ubá, Coronel Fabriciano, Pará de Minas e Bom Despacho. Oficinas para discutir aspectos técnicos nos trabalhos de combate ao vetor e de atenção ao paciente também foram realizadas em 28 regionais de saúde, com participação de todos os municípios. Campanhas de mobilização, distribuição de panfletos e veiculação de mensagens em contas de água e luz também estão entre as ações realizadas.

MORTES POR DENGUE Minas Gerais registrou mais duas mortes por dengue, uma em Belo Horizonte e outra em Patrocínio, no Triângulo Mineiro. Em 2015, foram 72 registros. A primeira foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). A vítima é uma mulher de 47 anos, moradora da Região Noroeste da capital, que morreu em 13 de janeiro, em um hospital particular. A segunda morte, em Patrocínio, no dia 12, acometeu uma senhora de 92 anos. Segundo o boletim, nos dois casos as pacientes apresentavam comorbidades, ou seja, tinham outras doenças associadas. Segundo o secretário de Saúde de Patrocínio, Wesley Faber, a idosa era cardiopata. No último boletim divulgado pelo município, na semana passada, 77 casos foram notificados e 38 confirmados.

Fonte: Portal Uai

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