Em busca de um bicampeonato, Galo abre decisão hoje contra o Grêmio

Com classe e bravura, coração e técnica, mineiros e gaúchos construíram, ao longo de décadas, identidades regionais fortemente enraizadas no futebol. Frente ao poderio econômico do eixo Rio-São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul desbravaram o mais querido esporte brasileiro, exportando craques e conquistando legiões de fãs.

É por isso que, a partir desta quarta-feira (23), quando Atlético e Grêmio entram em campo, às 21h45, no Mineirão, não estará em jogo apenas o título da Copa do Brasil, mas a afirmação de duas das maiores agremiações do país.

O Galo, bem mais organizado extracampo nos últimos anos, vem brigando por taças em todas as competições de que participa. Mesmo com um investimento alto nesta temporada – e a contratação de nomes do quilate de Fred e Robinho –, o alvinegro ainda não conseguiu cravar grandes resultados. Mas, aos trancos, barrancos e individualidades, o time chega à finalíssima do mata-mata com a chance de calar os críticos.

No Grêmio, a estiagem de conquistas tem virado uma sina. Já são seis anos sem sequer um título gaúcho. De caneco nacional, então, já alcança 15 anos de jejum. Em 2001, o tricolor gaúcho faturou a Copa do Brasil pela quarta vez, sagrando-se o maior vencedor do torneio (posteriormente igualado pelo Cruzeiro), mas a rotina pararia por ali.

Depois disso, o imortal tricolor passou um ano na ingrata Série B (2005), perdeu uma final de Libertadores (2007), beliscou o Brasileirão por duas vezes – vice em 2008 e 2013 – e caiu em semifinais de Copa do Brasil por três vezes.

Em meio às semelhanças com o rival, o Atlético também carregou uma recente caminhada espinhosa até a glória. O Galo sentiu na pele a Segunda Divisão (2006), mergulhou em outras ameaças, mas chegou ao auge com a conquista da Libertadores de 2013. Se os segundos lugares nos Brasileiros de 2012 e 2015 foram frustrantes, a conquista de sua primeira Copa do Brasil, em 2014, contra o Cruzeiro, seu maior rival, deixou a torcida em euforia.

A chance de um bicampeonato dois anos depois será algo inédito para o torneio e para a galeria do clube. E mais: com remotas chances de ficar no G-3 do Brasileiro – o grupo de times que se classifica diretamente para a fase de grupos da Libertadores –, o alvinegro aposta todas as ficha na Copa do Brasil para aliviar seu calendário e não ser obrigado a disputar a pré-Libertadores.

“A pressão existe quando se joga no Atlético. A torcida tem comemorado títulos importantes. É um elenco forte, e temos que demonstrar nossa força dentro de campo”, destaca o atacante Robinho, que tenta o primeiro título pelo clube.

Impulso. Gremistas e atleticanos têm torcidas igualmente fanáticas e apaixonadas, cada qual com suas cores e tradição. São nelas que os times se apoiam para sustentar a chance de conquista.

“Renato (Gaúcho, técnico do Grêmio) sabe quão importante é terminar os primeiros 90 minutos vivo para decidir o jogo na Arena (do Grêmio). Afinal, os mineiros são a torcida que mais acredita no Brasil. Para sair campeão, o Grêmio terá que acreditar mais”, analisa o repórter da Rádio Gaúcha Raphael Gomes.

Como fará o primeiro jogo em casa, o Atlético sabe que precisa de um bom resultado para encarar a avalanche tricolor na próxima quarta-feira, dia 30. Em Porto Alegre, todos os 30 mil ingressos colocados à venda já foram comercializados. Nesta quarta-feira (23), no Mineirão, mais de 45 mil atleticanos adquiriram entradas antecipadamente.

MARCELO OLIVEIRA
Currículo de sobra no torneio
Experiente, o técnico Marcelo Oliveira entende bem de finais de Copa do Brasil. A decisão desta quarta-feira (23), contra o Grêmio, será a quinta do treinador à frente de um clube. Com um currículo tão vasto, o técnico garante que tirou algumas lições dos três vice-campeonatos e da única conquista, pelo Palmeiras, no ano passado.

“Sempre precisamos ter um time agressivo e equilibrado, pela condição técnica e qualidade do adversário, tentando utilizar o fator casa para não tomar gol. Pensamos em um Atlético buscando a vitória aqui e lá em Porto Alegre. Conquistamos a oportunidade de disputar essa final. Agora é hora de ir lá com toda entrega”, avalia o comandante alvinegro.

Sem o atacante Luan e o meia Otero, que estão fora do primeiro jogo da final da Copa do Brasil por causa de lesões, o técnico Marcelo Oliveira tem algumas opções para formar o quarteto ofensivo do Atlético. De volta à equipe, o lateral-direito Marcos Rocha poderá ser um dos escolhidos para atuar pelo meio, conforme explica o técnico alvinegro.

“Otero e Luan são dois jogadores importantes, que, se estivessem em condições, estariam jogando. Não dá para lamentar muito. Temos o Marcos Rocha e o Cazares, que podem cair pelo lado direito, com o Robinho pelo meio e o Clayton. O Maicosuel também voltou. Até amanhã (hoje) vamos decidir”, explicou Marcelo Oliveira.

O zagueiro Erazo e o lateral-esquerdo Fábio Santos foram poupados da atividade dessa terça-feira (22), na Cidade do Galo. O equatoriano apareceu junto com os companheiros para a atividade. Já o lateral-esquerdo, no período em que a imprensa ficou no CT, não havia se juntado ao grupo.

Apesar das queixas de ambos – Erazo de dores no joelho direito, e Fábio Santos, na panturrilha direita –, Marcelo espera contar com os jogadores. “Foram pequenos problemas, apenas desgaste. Esperamos contar com eles”, finaliza.

Cazares. Apesar de ter sido expulso contra o Santa Cruz de maneira infantil e evitável no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro, o meia Cazares ainda tem a confiança do técnico Marcelo Oliveira. O meia revidou uma falta do volante Jadson com um soco e levou o cartão vermelho direto.

Questionado sobre o momento de Cazares – o jogador acabou perdendo a posição para o venezuelano Otero nos últimos jogos –, Marcelo crê que o meia tem qualidade suficiente para ajudar o Atlético na final.

“Ele é uma boa opção, assim como as que citei anteriormente. É técnico e rápido. Não podemos perder um jogador dessa qualidade num momento como esse. Temos que orientá-lo, mostrar o caminho, pois ele pode ser muito decisivo”, avalia o treinador. (LL)

Interação. A partir das 17h desta quarta-feira (23), a torcida poderá compartilhar um emoji criado para a decisão. É só usar as hashtags #CopaDoBrasil, #FinalDaCopaDoBrasil e #CraqueDoJogo para comentar pelo Twitter.

ADVERSÁRIO
Zagueiro Geromel é dúvida gremista
O Grêmio desembarcou nessa terça-feira (22) à tarde em Belo Horizonte com grande festa da torcida tricolor no aeroporto. Cerca de 500 torcedores estiveram no embarque da equipe para incentivar o time em busca do título. Grato pelo apoio, o lateral-direito Edilson destacou a presença do torcedor e garantiu que o Grêmio fará o possível para sair com vantagem da capital mineira.

“Ter os torcedores aqui é um estímulo maior para nós. Eles estão empolgados e estamos bem conscientes de que é uma decisão e que vai ser um jogo muito difícil”, explicou.

Mesmo sem o critério de gol qualificado, Edilson garantiu que o Grêmio não mudará a estratégia de jogo. “Não muda nada, vamos fazer um bom jogo para levar uma vantagem para a Arena. Vamos cientes do que podemos fazer com a equipe do Atlético”, afirmou o lateral.

Dúvida. O zagueiro Geromel não treinou com a equipe em Porto Alegre e ainda não foi confirmado no time titular. Ele reclamou de dores, após uma pancada na atividade de segunda-feira, e deixou o campo mais cedo. Nessa terça-feira (22), nem sequer se juntou aos companheiros. Nenhuma informação sobre a situação do zagueiro foi passada pelo departamento médico gremista. (LL)

O que pesa para o lado gremista

1 – Sistema defensivo sólido. Com Renato, foram apenas nove gols sofridos em 15 jogos.
2 – Entrosamento. O time joga junto há quase dois anos e manteve uma boa base do trabalho de Roger.
3 – Retrospecto recente. Foram contra o Galo os melhores jogos do Grêmio em 2015 (0 x 2, no Mineirão) e em 2016 (0 x 3, no Independência), ambos em BH.
4 – Fator Douglas. Em meio às discussões sobre a extinção da camisa 10, Douglas chega aos 34 anos no auge da carreira, deixando a desconfiança de lado.
5 – Fator Luan. Com habilidade e mobilidade, é especialista em encontrar boas soluções perto da área. Contra uma defesa que costuma dar espaços, pode se tornar fatal. (Análise de Cristiano Oliveira, da Rádio Guaíba)

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