Egoísta, carente, invejoso… Como são e como lidar com os parentes tóxicos

Egoísta, carente, invejoso… Como são e como lidar com os parentes tóxicos

Getty Images/iStockphoto

Apesar do laço familiar, parentes podem ter relações nocivas uns com os outros e prejudicar o convívioImagem: Getty Images/iStockphoto

Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

Toda família deveria ser uma base sólida onde as pessoas possam se sentir acolhidas, ouvidas e compreendidas. Mas muitas encontram, na verdade, desrespeito e intolerância às diferenças. Existem crenças, valores e expectativas que são passados através das décadas. “Isso se chama transmissão muitigeracional e traz uma carga emocional muito forte, pois uns se sentem no direito de pressionar os outros para que se adaptem àquele padrão da família que, às vezes, vem de séculos e ninguém tenta mudar”, comenta a psicóloga Márcia Modesto, do Rio de Janeiro (RJ).

Na tentativa de moldar uns aos outros conforme aquilo que acreditam que é o certo, parentes acabam apelando para atitudes e palavras nocivas. “O curioso é que muitos tratam com cordialidade, respeito, educação e carinho pessoas estranhas, mas, na família, descontam frustrações e estresse, criando complicações no convívio e afetando os laços afetivos”, comenta a psicóloga Lidiane Silva, também do Rio.

É possível identificar alguns perfis tóxicos e, ao mesmo tempo em que tenta manter a paz, blindar a si mesma de seus efeitos. Veja alguns tipos mais comuns:

Invejoso

Em geral, o parente invejoso não quer somente as mesmas conquistas que você –ele gostaria que você as perdesse. Para neutralizar o “olho gordo”, fique atenta e seja prudente. “Evite se contaminar com comentários desnecessários, já que esse tipo de pessoa sempre tenta questionar a forma com que você consegue as coisas e ela não. Na dúvida, permaneça calada e seja apenas educada”, aconselha Lidiane.

Desqualificador

“É aquele que sempre diz frases como ‘isso não vai dar certo’, ‘isso não é bom’, ‘você não vai conseguir’, ‘você não sabe’. Ou seja, é quem tenta colocar todo mundo para baixo”, informa Márcia. São palavras que ferem e desanimam os demais, que sofrem abalos drásticos na autoconfiança e na autoestima. Para neutralizar um desqualificador, fuja de assuntos e situações em que ele possa aproveitar a oportunidade de se mostrar melhor que todo mundo. E, na hora de conselhos não solicitados, mande um “ok, vou pensar a respeito” e mude para um assunto genérico.

Arrogante

Gosta de se mostrar superior, sempre sabe tudo e detém toda a razão do mundo. “Pior: muitos arrogantes tratam mal e humilham os outros. O melhor é não aceitar suas provocações, não se deixar intimidar e não entrar em discórdia, fortalecendo a autoconfiança que impede pessoas assim de afetarem você”, sugere Suely Buriasco, mediadora de conflitos e coach, de São Paulo (SP). Para Lidiane, é preciso desenvolver a habilidade da paciência e compreender que quanto mais você tentar bater de frente com uma pessoa que se acha melhor que os outros, mais estresse e irritação a situação pode lhe causar. “Não é tentando mostrar que você está certa que vai modificar essa característica, portanto, evite competições”, conta.

Egoísta

De acordo com Lidiane, o primeiro passo para aprender a lidar com egoístas é não criar expectativas sobre o comportamento deles. “Os desentendimentos acontecem porque você faz algo e espera que o outro aja da mesma forma ou se comporte como você. É importante lembrar que um egoísta não consegue visualizar as necessidades alheias nem tirar o foco de si próprio. Nesse caso, é preciso compreender e respeitar até mesmo aquilo que é problema no outro, não se deixando abater com suas atitudes egoístas”, avisa.

Carente

Carentes buscam atenção, carinho e muito mais em excesso. “É frustrante lidar com alguém assim, pois por mais que você se esforce o problema está nele e você não conseguirá satisfazê-lo”, comenta Suely. Dependendo da personalidade, pode necessitar chamar a atenção a todo momento, desenvolvendo dependência emocional e até ciúmes de pessoas mais próximas. “Minhas sugestões são não ceder a chantagens emocionais nem se privar de se relacionar com outras pessoas por medo de magoar quem é carente. Invista no diálogo aberto e tenha os mesmos tipos de relacionamento e vínculo que possui com outros membros da família”, declara Lidiane.

Superprotetor

Segundo Márcia, na maior parte das vezes esse papel é ocupado pela mãe ou pelo pai, mas alguns avós também podem ser incluídos nesse perfil. “É aquela pessoa que diz ao outro para não ir a determinado lugar porque é perigoso ou tarde, pode se machucar ou correr perigo. Ela acaba podando a autonomia”, explica. Essa superproteção, na verdade, é um extremo controle para que o outro não ultrapasse muito a “linha divisória” da família. “Famílias assim, normalmente, são do tipo ‘ninguém entra e ninguém sai’. Se alguém entra, tem que rezar de acordo com aquela cartilha. E, se sai, é mal visto pelos outros”, observa a psicóloga. Quem faz parte de uma família deve buscar o seu caminho e sua maneira de ser sem romper com a família, mas sim com os padrões que ela impõe. “É uma questão de saúde mental”, fala Márcia. “Cabe ressaltar que o excesso de cuidado com o outro demonstra a falta de cuidado ou foco em si próprio. Portanto, converse e pontue os excessos para que haja uma melhora na convivência”, aconselha Lidiane.

Queixoso

Lidar com uma pessoa que reclama o tempo todo não é fácil, pois o alto grau de negatividade incomoda muito. Queixosos são pessoas inseguras, com alto nível de ansiedade e que gostam de chamar a atenção. Vale a pena observar se o quadro não revela também uma depressão. “Pratique a paciência e pense bem antes de retrucar algo, pois esses parentes têm muita facilidade de se magoarem. Evite fazer perguntas para as quais você já prevê que a resposta será queixosa”, pontua Lidiane. “Aprenda a filtrar suas palavras e ações, não permitindo ser afetada”, aconselha Suely.

Compartilhe esta notícia:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Últimas Notícias