A Semana Nacional de Trânsito 2018 começou oficialmente nesta terça-feira, dia 18, em todo o país. Para marcar a data, a reportagem do Lavras 24 Horas conversou com a responsável pelo Centro de Formação de Condutores Martins Vilela, a empresária Edirce Vilela. Definido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o tema da campanha deste ano é “Nós Somos o Trânsito”.
Na entrevista, Edirce Vilela avaliou a situação do trânsito lavrense e defendeu a implantação das faixas elevadas, modelo adotado em várias cidades brasileiras. “Elas melhoram as condições de acessibilidade e segurança dos pedestres nas vias públicas; amplia a viabilidade da travessia dos pedestres e reduz a velocidade dos automóveis”, defendeu.
Confira a seguir o nosso bate-papo:
Como você avalia o transito de nossa cidade hoje?
Vivenciamos todos os dias fatores que contribuem para um transito precário: falta de sinalização sem planejamento, falta de infraestrutura para suportar a quantidade de veículos e falta de fiscalização e respeito dos usuários nas vias, sejam eles pedestres ou condutores. Há muita imprudência de ambos os lados.
Quais os pontos da cidade que precisariam de melhorias?
A Praça Dr. Jorge (foto), na região central, tem fluxo intenso de veículos nos horários de entrada e saída de alunos das escolas Instituto Presbiteriano Gammom e Universidade de Lavras (UFLA). Entre a rotatória da praça e o portão que dá acesso ao Gammon, existe um espaço de mais ou menos 40 metros, com via de mão única. Pode-se observar que 80 % dos condutores abusam dos seus direitos nessa área. É comum motoristas estacionados formando várias filas no meio da via, fazendo embarque e desembarque, sem se preocupar com o semáforo que existe no local para controlar os fluxos; os demais usuários da via ficam assistindo o sinal fechar e abrir várias vezes, sem conseguirem seguir adiante.
Qual outro trecho que necessitaria de mudanças?
Nas praças Dr. Augusto Silva (foto) e Leonardo Venerando Pereira, região central, onde se encontra os principais pontos do comércio e agências bancárias, verifica-se um verdadeiro caos no dia a dia. Ambas as praças são vias de mão única, com quatro faixas com estacionamento permitido paralelo a guia da calçada em todas as suas extensões, ficando, dessa forma, duas faixas de circulação. Por se tratar de um local com fluxos intensos, forma-se enormes congestionamentos, pois os condutores não se posicionam de forma correta (Art.29, Código de Trânsito Brasileiro – CTB). Em vias de mão única, deve se manter à direita quem irá seguir em frente e deve se manter à esquerda quem irá fazer conversões para esse lado ou retornos. Cada um tem seu motivo justificado para não obedecer às regras e um pouco disso tem a ver com a própria cultura capitalista, agregada a algumas facilidades que o sistema proporciona. Vive-se em um país que investe pouco em educação, principalmente no que tange o fenômeno do trânsito. Segundo o capitulo VI do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): “A educação para o trânsito deve ser promovida desde a pré-escola ao ensino superior, por meio de planejamento e ações integradas entre órgãos do sistema Nacional de Trânsito e do Sistema Nacional de educação (CTB/1997). Educação para o Trânsito, consiste num conjunto de conhecimentos e métodos visando ensinar e convencer as pessoas a se comportar de maneira apropriada no trânsito, para que a circulação de veículos e pedestres nas vias urbanas e rurais (rodovias e estradas) seja realizada com segurança, eficiência e comodidade (Coca Ferraz, Archimedes Raia Jr. E Bárbara Bezerra -2008).
Diante de tantos índices negativos no setor do trânsito brasileiro, o que precisamos fazer para melhorar essa situação?
Os preceitos legais existem para evitar que os usos e costumes não afetem os princípios de liberdade e de igualdade, bem como o de garantia de vida a todos os usuários. Infelizmente, há uma série de fatores contrários a seu êxito. Precisamos entender que o trânsito é feito de pessoas, precisamos colocar a mão na consciência ao assumir a direção de nossos veículos, mas também faz necessário um investimento intenso na educação para o trânsito e na conscientização em relação às condutas que motoristas e pedestres precisam assumir, pois se observa que a falta de conhecimento e obediência das leis de trânsito, junto coma falta de fiscalização, gera estresse no trânsito, contribuindo para a formação de um ambiente desarmônico, gerando dessa maneira conflito entre os usuários.