A intolerância humana sempre existiu em suas relações sociais e nos comportamentos culturais. Ela é uma atitude de incompreensão, rejeição, ódio e discriminação contras as pessoas e o seu modo de vida. A intolerância pressupõe que exista apenas uma razão, uma única verdade, uma só lógica e somente uma certeza, por isso, quem pensa e age diferente do intolerante é alguém que não merece respeito, valor e consideração.
Uma atitude comum a todos os intolerantes é a forma superficial com que buscam compreender os mistérios da vida e as adversidades da existência. Relativizam por baixo toda a complexidade humana para que ela caiba em seu pequeno mundo e em seu limitado horizonte intelectual.
Os intolerantes têm uma visão maniqueísta da existência, onde só existe o certo e o errado, o oito ou oitenta, o bem ou o mal. Por isso, tornam-se tão radicais em suas posições, falas, discursos e atitudes. Não conseguem sair do seu egocentrismo para compreender o mundo do outro, para entender que as pessoas são e agem diferentemente.
Infelizmente, disfarçado de democracia e de direito de expressão, tenho visto proliferar os discursos de ódio e de intolerância nos mais variados segmentos sociais. Alguns, para defender seus pontos de vistas, acabam agredindo e machucando quem pensa por si mesmo. Não compreendem que todo ponto de vista é apenas a vista a partir de um ponto. E que cada pessoa deve ser compreendida a partir de sua história de vida, da sua interação com o mundo e da forma como entendem a si mesmo e os outros.
Esses discursos raivosos e intolerantes têm aumentado com o avanço das redes sociais. É o espaço onde cada um se sente no direito de falar o que quiser, sem o menor compromisso com a verdade ou com a sensibilidade humana. Agridem uma jornalista por ser negra, os homossexuais por sua orientação sexual, a apresentadora pela sua obesidade, a jovem pelas suas tatuagens, o militar pela sua função e etc.
E o pior é que o espaço virtual é uma projeção do que vemos acontecer no dia a dia, através dos palanques políticos, dos púlpitos das igrejas, dos programas de TVs, dos jornais sensacionalistas, das revistas de fofocas, da violência das torcidas organizadas e dos blogueiros inescrupulosos financiados com o dinheiro público para destruir a imagem de seus adversários políticos. Além das pessoas que não aceitam ser contrariadas em suas opiniões deterministas sobre tudo e sobre todos.
Confesso que estou estarrecido com tantos discursos de ódio em nome da defesa da fé, da moral e dos bons costumes. Mas que não tem nada de caridade, tolerância e sensibilidade. Em vez de serem vozes consoantes, uníssonas e humanizantes, tornam-se gritos de pavor e berros de ódio que mais ferem do que consolam. São discursos que carecem de mais amor e menos dor… Uma palavra meiga, um gesto compreensivo e um discurso solidário transformam mais vidas, acolhem mais pessoas e curam muitos corações!!!
Prof. Dieikson de Carvalho
