Desemprego e fechamento de empresas prejudica setor industrial de Lavras

Na terça-feira, dia 20, o prefeito Dr. José Cherem e um representante da empresa TRW (foto) assinaram um termo e uma escritura para a entrega para o município do terreno em que ficavam as instalações da empresa fechada no final do ano passado.

Esse é o retrato do trágico final do capitulo de uma história de empreendedorismo, crescimento econômico e geração de emprego que começou há 20 anos atrás quando a marca, instalada no Distrito Industrial de Lavras, chegou a empregar quase 400 funcionários e fabricar 50 mil mecanismos de direção e 40 mil válvulas hidráulicas para carros nacionais, como Pálio, Uno, Doblo, Strada, Fox, Gol e Saveiro.

No final do ano passado, a TRW alegou uma crise profunda na fabricação de autopeças no país para o fechamento da empresa na cidade. Em uma carta endereçada aos funcionários, a multinacional destacou ainda uma drástica queda de produção, um momento econômico desfavorável, com falências e inadimplência por partes de empresas do setor de autopeças no Brasil.

A cena emblemática protagonizada pelo prefeito traduz uma derrocada do setor industrial da cidade, hoje praticamente encoberto pela chamada economia flutuante alimentada pelo público de estudantes da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O fato é que a indústria lavrense ganha cada vez menos relevância quando colocada ao lado de cidades que apostaram alto neste segmento. Vale citar Varginha, Poços de Caldas e Pouso Alegre, verdadeiros celeiros de oportunidades neste setor.

Enquanto isso, Lavras fica a mercê de um mercado de serviços que patina mais drasticamente por conta da crise. O último posto de resistência diante das intempéries da economia e da falta de investimentos é a COFAP, multinacional que chegou a empregar 2.300 funcionários em Lavras, mas hoje congrega 1.780. Até quando ela vai garantir a sua permanência na cidade ninguém pode prever.

Com a devolução dos quatro galpões da marca para o município abre-se uma nova possibilidade para que empresas interessadas possam ser implantadas no município. No entanto, as políticas de incentivo para atrair novos investidores para o setor são praticamente nulas. Não só atrair, como também manter as que aqui estão.

Prova disso é a onda de demissões de funcionários e o fechamento de grandes empresas nos últimos anos, como a MARDEL, na zona norte de Lavras, um forte nome da fabricação de autopeças no país. Nas últimas semanas foi a vez do abatedouro de aves CIAV, localizado às margens da rodovia 265, dar adeus ao mercado.

Segundo a direção da empresa ouvida pela reportagem, o fechamento de um dos braços do grupo se deu por conta de uma fiscalização do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Ela não soube informar quantos funcionários da empresa foram demitidos com o fechamento do abatedouro.

Mas fontes ouvidas pela reportagem do Lavras 24 Horas disseram que ao menos 90 pessoas ficaram desempregadas por conta dessa situação. Enquanto isso, representantes do poder público, como o deputado estadual Fabio Cherem, parecem ter fechado os olhos para situações dramáticas como essa.

Caminhos

Embora o atual prefeito Dr. José Cherem tenha se mostrado interessado em buscar uma nova marca para ocupar os galpões vazios da TRW, uma fonte ligada ao setor ouvida pela reportagem afirma que os sinais demonstrados pelo chefe do Executivo vão em direção contrária a esse discurso. Para ele, o futuro, levadas em conta a crise política e econômica, é de incerteza.

“Sabemos que muitos empresários estiveram interessados em ocupar o prédio, mas o prefeito não manteve um diálogo com nenhum deles. Trata-se de uma administração fechada em sim mesma, que não dialoga com entidades de classe, nem com pessoas contrárias a atual gestão. É uma situação que pode estar ocorrendo por conta dos seus assessores ou é uma atitude consensual dele mesmo” afirmou.

Para o diretor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal de Lavras (INBATEC), professor do Departamento de Economia e diretor da Agência de Inovação do Café da Ufla (Inovacafé), professor Luiz Gonzaga de Castro Junior, a saída para contornar a crise do setor se dá através de investimentos na área da tecnologia. Para tanto, a instituição prevê o término de seu Parque Tecnológico no final do próximo ano.

Luiz Gonzaga de Castro Junior cita como exemplo o Programa Incubação de empresas da Ufla, que dá assistência a marcas no setor de tecnologia, desenvolvendo oportunidades com acompanhamento de profissionais da própria instituição de ensino. A recente seleção via edital do programa selecionou 16 empresas ligadas à tecnologia.

Ele afirma que a parceria entre empresas e instituições, como o Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS), Executivo e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), são de fundamental importância para alavancar este setor, que representa uma fatia muito representativa dentro do mercado.

“Lavras precisa investir em um ecossistema empreendedor. Precisamos pensar em soluções tecnológicas para problemas humanos, por isso a importância de apostar neste setor para o desenvolvimento econômica da cidade”, concluiu.

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