Crimes cibernéticos fazem 56 vítimas por dia em Minas Gerais

Quando perdeu seu celular, em agosto deste ano, a funcionária de uma clínica de estética de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, acreditava que o único prejuízo que amargaria seria financeiro, mas, dias depois, o que veio foi muito pior. Segundo a mulher, um perfil falso com fotos dela, do marido e de uma amiga foi criado no Facebook com conteúdos homofóbicos e pedófilos. Rapidamente, reproduções dessas conversas viralizaram em todo o Brasil, acompanhadas de pedidos de investigação para uma situação que, a mulher diz, nunca terem tido participação. O caso é um dos exemplos de crimes cibernéticos registrados em Minas: em média, foram 56 denúncias comunicadas por dia à Polícia Civil de janeiro até ontem no Estado.

“Infelizmente, a cada dia, é vez maior o delito cibernético. Não podemos falar que essa questão de incriminar inocentes seja o crime que mais ocorre no mundo da internet, porque a liderança é do estelionato. Mas ele vem acontecendo com frequência e é preocupante, pois normalmente envolve um repercussão muito grande e prejudicial à vítima”, afirmou a delegada Renata Fagundes Ribeiro, da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos (DEICC).

Ao todo, até o dia 19 deste mês, foram registradas 16.558 ocorrências em Minas. Quase o mesmo número de todo o ano passado, quando 16.997 casos foram contabilizados. Na capital, o balanço deste ano quase se equipara ao de 2015: 2.860 ante 2.887. Conforme a delegada, quem divulga informações equivocadas e incriminatórias de uma pessoa pode responder por difamação e calúnia. “Esse crime é cometido tanto pela pessoa que começou a postagem quanto pela pessoa que compartilha ou divulga”, explicou. As penas para esses crimes variam de três meses a três anos de prisão.

Denúncia. A partir do momento em que visualizaram as fotos e o perfil falso, o casal e a amiga de Monte Carmelo tentaram denunciar o ocorrido ao Facebook. A página era cancelada, mas dias depois, outra era criada. “Primeiro, foi (feito) um grupo de extermínio homofóbico, depois pedofilia. Até uma página falsa da empresa em que trabalhamos foi criada para falar que a minha colega era sequestradora de crianças”, contou à reportagem a amiga do casal, que também diz ter sido vítima dos perfis falsos.

“Estamos pedindo para as pessoas que receberam as mensagens denunciar, mas muitos apenas compartilham pensando realmente se tratar de pessoas más, quando, na verdade, somos trabalhadores”, lamentou.

O que fazer

Não compartilhe sem certeza. A orientação da Polícia Civil é para não ocorrer compartilhamento, sem ter certeza da veracidade, de notícias ou informações de uma pessoa. “Quem divulga também comete crime, é difamação ou calúnia do mesmo jeito. A mesma cautela que temos no cotidiano precisamos ter ainda mais na internet. Há muita informação inverídica na rede”, afirmou a delegada Renata Fagundes Ribeiro.

Procure uma delegacia. A primeira medida de quem é vítima de calúnia deve ser procurar uma Delegacia de Polícia Civil mais próxima de sua casa. A sugestão é levar impressões das mensagens e páginas que poderão servir como prova do crime. “Além do inquérito, a pessoa pode acionar a Justiça por danos morais”, disse a policial.

Investigação. A DEICC apura os crimes por meio de dados recebidos de provedores da internet. Ela funciona de segunda-feira a sexta-feira, na avenida Nossa Senhora de Fátima, 2.855, no bairro Carlos Prates, na capital. Ela também recebe casos do interior.

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