Cine debate aborda a força da mulher negra na Ufla

Novembro, mês oficial da Consciência Negra no Brasil, marca uma importante e necessária data que ratifica a resistência e luta dos povos afrodescendentes. A luta, iniciada antes mesmo de 1888 – por meio dos quilombos –, permanece até os dias atuais contrapondo-se a uma sociedade que carrega em seu histórico séculos de escravidão.

E para refletir e discutir este tema, o Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racial (CMPIR) realiza na próxima sexta-feira, dia 2, o Cine Debate “Dandara: a força da mulher quilombola”. O evento terá início às 19h, na Casa da Cultura, localizada na Rua Santana, 111, no Centro de Lavras.

A iniciativa tem por objetivo mostrar a força da mulher negra e abrir uma reflexão sobre as comunidades quilombolas. O filme traz subsídios para debater questões-étnicos raciais, de gênero e de luta do povo negro.

Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil: Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

De acordo com o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes), existem aproximadamente 400 comunidades quilombolas no Estado de Minas Gerais distribuídas por mais de 155 municípios. As regiões do estado com maior concentração de comunidades quilombolas são a região norte e a nordeste, com destaque nesta última para o Vale do Jequitinhonha.

De acordo com dados apresentados pelo Cedefes, a maior parte das comunidades quilombolas do estado apresenta-se em contexto rural. No entanto, Minas Gerais se destaca pela presença significativa de quilombos em áreas urbanas.

Foi principalmente com a Constituição Federal de 1988 que a questão quilombola entrou na agenda das políticas públicas. Fruto da mobilização do movimento negro, o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) diz que: “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.”

O evento do CMPIR faz parte das atividades do Novembro Negro, mês da Consciência Negra.

Sobre o filme

O filme “Dandaras- A Força da Mulher Quilombola” é um documentário em curta-metragem que apresenta as histórias de cinco lideranças quilombolas do Estado de Minas Gerais.

O filme se dedica a ouvir os discursos destas mulheres sobre suas trajetórias de engajamento. Por meio das narrativas das próprias protagonistas, são abordados temas como a violência contra a mulher, racismo e dificuldades de acesso a direitos.

O argumento de fundo de Dandaras é o empoderamento da mulher negra e quilombola. Nele são apresentadas mulheres refletindo sobre seus processos pessoais de descoberta da liderança. Dentre outros temas, os discursos dos quilombolas nos faz refletir sobre transmissão de conhecimentos, coletividade feminina e também sobre ancestralidade.

Dandaras foi lançado on-line em novembro de 2015, integrando-se a uma série de ações feitas em diferentes setores da sociedade para a 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. O filme teve grande número de acessos no Youtube e segue sendo divulgado por diversas ong’s, coletivos de mulheres negras, órgãos públicos e outros grupos que trabalham com pautas convergentes aos temas das mulheres negras e do povo quilombola.

Dandaras é uma produção espontânea e independente das realizadoras e antropólogas Ana Carolina Fernandes e Amaralina Fernandes. Em parceria com a CONAQ-Mulher, Dandaras já foi exibido em oficinas formativas de mulheres quilombolas, alcançando mais ainda seu principal público: as mulheres quilombolas e mulheres negras.

Compartilhe esta notícia:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Últimas Notícias