Chico Propina, Tião Pixuleco, deu no que deu. De quem é a culpa?

Desde quando o sol nasceu, naquele mês de fevereiro assombrado, os dois primos, amigos de longa data, nunca se importaram com o trabalho duro.

Nascidos em família operosa, pais agricultores, acostumados à lida na roça, os dois amiguinhos, primos por parte de mãe, só iam à escola em dias feriados, quando a porta da casa estava fechada, à espera da próxima segunda-feira, dia renegado por ambos, que adoravam ficar de papo pro ar, sem fazer absolutamente nada.

Quis o destino que os dois crescessem sem profissão definida.

Chico Propina era o mais safado dos dois. Tião Pixuleco seguia a trilha do amigo.

Aos vinte anos, sem emprego, sem trabalho, ficavam horas inteiras assentados a um banco da praça da pequena cidadezinha, perdida no meio do nada, naquele Estado pobre, onde o analfabetismo grassava como erva daninha.

Ali faltava de tudo um pouco.

O saneamento básico inexistia. As escolas estavam em petição de miséria. A saúde doente, a população descontente, as crianças sem creche, a merenda escolar, quando aparecia, não supria as necessidades básicas do aluno, deixando a pobre gentalha sem condições mínimas de sobrevivência, coisas e loisas de um país degenerado, sem perspectiva de crescimento.

O assunto que mais agradava à população do município eram as falcatruas da administração municipal.

O prefeito era corrompido. O vice seguia-lhe a sina.

A câmara de vereadores não ficava atrás. Era conivente com o status-quo.

Os primos, vagabundos por natureza e criação, eram os arautos da podriqueira dominante.

Sem ter o que fazer acordavam cedo, para ter mais tempo de ficar à-toa.

Aproximava-se o tempo de eleição.

Quem sabe o voto fosse a salvação da lavoura para os dois desempregados, que não faziam questão nenhuma de trabalhar, coisa que abominavam.

De fato eram populares os dois malandros. Assaz conhecidos desde longa data, amantes do ócio, do doce fazer nada, a não ser tatuar com seus assentos os bancos da praça.

Chico Propina e Tião Pixuleco lançaram-se candidatos a vereadores.  Por um partido esquisito, de nome engomado.

Não precisa dizer que foram eleitos. Saíram das urnas vitoriosos, com mais votos que o padre devoto, que fez uma campanha modesta, séria, prometendo moralizar a coisa podre que cheirava a enxofre.

Na primeira reunião dos novos edis os dois primos começaram a mostrar as unhas sujas de estrume.

Sem instrução, ou capacitação, os outros vereadores, semi-analfabetos, ou perto disso, não sabiam o que era oposição, se com c, ou c cedilha.

Por isso tanto Chico Propina, ou Tião Pixuleco, acabaram por dominar o cenário.

Em pouco mais de um ano enricaram a olhos vistos. Graças aos projetos mirabolantes, às licitações fraudulentas, ao dinheiro vivo, pago em notas graúdas, que não eram contabilizadas pelo financeiro da prefeitura conivente.

Um dia a casa caiu.

Tudo graças ao padre honesto, que deixou a batina na sacristia, e enfrentou a dupla de safados vigaristas que pensavam iludir a boa fé dos cidadãos da pequena comunidade- espelho do que acontece no país.

Da delação à prisão foi um pulo de canguru.

Numa manhã de sábado, de um agosto radiante, Chico Propina e Tião Pixuleco foram pegos com a mão na massa, recebendo mais uma mala cheia de dinheiro, de uma propina paga por uma empreiteira falsa.

Dizem, até hoje, que a dupla continua presa. Até quando? Não se sabe.

Tião Pixuleco e Chico Propina são exemplos vivos do que acontece no dia a dia de um país conturbado, desgraciosamente governado por gente que não presta.

E depois pergunto: “De quem é a culpa. Do voto mal dado. Não culpem a Deus. ELE deixou de ser brasileiro, com vergonha se mudou pro estrangeiro, de mala e cuia e nem levou travesseiro”.

 

 

 

 

 

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