BR 381 lidera ranking de acidentes fatais em rodovias do Sul de Minas

Apesar de aparecer no ranking da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) como uma das melhores rodovias do país, a Fernão Dias (BR-381) lidera um levantamento bem menos agradável feito pelo G1 no Sul de Minas. A pista é a primeira em número de acidentes fatais desde o começo do ano, com 13 mortes em 12 ocorrências registradas.

Os números são ligeiramente acima dos contabilizados pela Autopista Fernão Dias, que administra a rodovia. De acordo com a concessionária, foram registradas 10 mortes no período no trecho sul-mineiro, entre Extrema e Santo Antônio do Amparo. A diferença acontece porque a empresa não contabiliza casos após as vítimas chegarem às unidades de saúde com vida.

No entanto, com quaisquer dos números, a rodovia ainda aparece na liderança do ranking. Segundo os dados, coletados junto às autoridades de segurança durante o período, foram registradas pelo menos 99 mortes em 84 acidentes distribuídos por 24 rodovias, mais os perímetros urbanos e rurais de diversas cidades (confira o ranking completo mais abaixo).

De acordo com o chefe da 10ª delegacia de Polícia Rodoviária Federal, em Pouso Alegre (MG), Émerson João Soares, a falta de respeito às normas de trânsito e o excesso de velocidade podem ser algumas das principais causas para o alto índice de ocorrências – em um deles, um motociclista sem habilitação morreu ao cair na pista.

“A Fernão Dias foi uma rodovia construída na década de 1950. Quando duplicou, com raras exceções, ela duplicou o mesmo traçado, então não é uma rodovia para exceder a velocidade, tanto que a velocidade dela varia de 60 a 110 Km/h, não é toda 110 km/h”, explica Soares.

Mesmo assim, o chefe do departamento ressalta que obras e trabalhos de prevenção têm sido realizados na BR-381 com o objetivo de diminuir o número de ocorrências.

“A concessionária fez algumas intervenções, principalmente nos pontos críticos. Uma intervenção que trouxe resultado de zerar acidentes foi de simplesmente iluminar um ponto crítico à noite, os acidentes já caíram lá embaixo. A instalação de radares fixos em alguns pontos, em alguns pontos críticos [também ajudou]”, acrescenta.

Mesmo assim, Soares admite que a situação ainda não é a desejada e precisa ser melhorada.

“Só que ainda está muito aquém. O nosso grande objetivo é que não ocorra acidentes. Eu quero que o usuário venha, use a rodovia, não machuque e não machuque outra pessoa, e chegue ao seu destino bem e são. Esse é o nosso grande objetivo”.
já a Arteris S/A, grupo que administra a Autopista Fernão Dias, afirmou por meio de nota que “possui um plano anual para redução de acidentes que inclui estudo e execução de melhorias na rodovia, como, por exemplo, o reforço de sinalização com pintura diferenciada na barreira de concreto, instalação de linha contínua, renovação de placas de contagem regressiva para redução de velocidade e placa aérea de advertência, execução de calçadas para acesso as passarelas”.

A empresa ressalta ainda que “possui programas educacionais, como o Projeto Escola Arteris, Viva Pedestre, Passarela Viva, Viva Ciclistas, entre outros, que são realizados em escolas da rede pública de ensino e ao longo da rodovia com o objetivo de orientar usuários e moradores lindeiros sobre comportamento seguro no trânsito”.

Atropelamentos

E apesar da busca pela diminuição de acidentes, o número não tem caído na velocidade esperada pela concessionária. Ainda são cerca de 20 ocorrências por dia em toda a pista. Somente no trecho sul-mineiro da rodovia, foram registrados 984 acidentes até última quarta-feira (13), segundo números da própria Arteris.

Segundo o diretor superintendente do grupo, os atropelamentos são uma das caracteristicas mais preocupantes dos acidentes. E não é à toa. Das 13 mortes contabilizadas pelo G1 no Sul de Minas, seis foram por atropelamento, ou seja, quase a metade delas.

“O que deixa a gente muito triste é que hoje, das vítimas fatais da Fernão Dias [como um todo], em torno de 30% são atropeladas. E você sabe quantos por cento representa o índice de atropelamento no número de acidentes total? 1,5%. Então 1,5% dos acidentes da rodovia geram 30% dos números de mortes da rodovia”, diz Helvécio Tamm de Lima Filho.

Em um dos casos, um lavrador morreu atropelado ao tentar atravessar a pista; em outro, duas pessoas foram atropeladas durante a madrugada; em um terceiro, uma mulher foi atingida em Extrema.

Ainda de acordo com o diretor, entre 60 e 70% dos atropelamentos têm acontecido a menos de um quilômetro de alguma das 53 passarelas da Fernão Dias.

“Tem vários casos da vítima estar embaixo da passarela. Então é triste você ver que está lá o dispositivo, foi feito o investimento, para que as pessoas utilizassem e, infelizmente, as pessoas não utilizam”, lamenta.

As vítimas

Os homens são as principais vítimas da violência no trânsito na região. Entre as 99 mortes por acidentes registradas pelo G1 desde o início do ano em todo o Sul de Minas, eles foram 79 das vítimas. As mulheres aparecem com 16 ocorrências, enquanto outros quatro casos não tiveram a identidade divulgada pelas autoridades de segurança.

Os números mostram também que não há idade livre de risco, já que foram registradas mortes desde um bebê de apenas oito meses, que caiu de um caminhão em movimento em Espírito Santo do Dourado (MG), até um homem de 81 anos que morreu atropelado em uma ponte da BR-267, em Machado (MG).

Mortes por acidentes no Sul de Minas

Pelo menos 99 óbitos foram registrados desde o início de 2018
Homens: 79
Mulheres: 16
Não identificadas: 4
Homens
Vítimas 79

Demais rodovias

Mas não é só a Fernão Dias que enfrenta problemas com o número de acidentes fatais. Outras rodovias da região também aparecem com diversas ocorrências. Na BR-265, por exemplo, onde o movimento “Somos Todos vítimas da BR-265” tenta mobilizar a sociedade em relação às melhorias que a rodovia precisa, foram registrados seis acidentes que vitimaram oito pessoas no período.

A BR-267 e a BR-456 também aparecem com seis ocorrências, mas com sete mortes cada uma. Elas são seguidas pela BR-146, BR-491 e MG-050, com cinco casos cada. Oito acidentes foram registrados ainda nos perímetros urbanos de diversas cidades, enquanto sete foram em zonas rurais.

Confira o ranking completo do número de acidentes que causaram mortes no Sul de Minas:

Número de acidentes com mortes no Sul de Minas em 2018

Região já registra 99 óbitos em 84 acidentes desde o início do ano

Fonte: G1

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