Alta na tarifa de água em Minas é inevitável

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O aumento, mesmo que ainda tímido, do nível dos reservatórios – nos últimos 30 dias – e a redução do consumo de água por parte da população não devem evitar a alta no valor das tarifas em Minas. Segundo especialistas em engenharia hídrica, a medida será empregada não só para evitar o consumo abusivo, como também para compensar as perdas no faturamento das companhias de abastecimento. Menos consumo significa menos receita.

“As pessoas adotaram novos hábitos e reduziram o gasto de água. Mesmo que os reservatórios atinjam níveis satisfatórios, essa é uma situação que não muda de uma hora para a outra. Com o consumo, principalmente doméstico, caindo, a Copasa perde receita e isso ocasiona no aumento de tarifa. Não tem como equacionar essa questão de outra forma”, prevê o coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e de Recursos Hídricos (CPH) da UFMG, Carlos Barreira Martinez.

Na previsão do especialista, o reajuste deve ocorrer ainda no primeiro semestre. “Já vimos isso acontecer com outros itens como petróleo e energia elétrica. Sempre que há perdas para as empresas, são os consumidores que pagam o preço”, afirma Martinez. Diante do atual cenário, medidas mais drásticas, como racionamento, não seriam bem-vindas. “Como justificar tal ação diante do aumento nos reservatórios? E isso ainda resultaria em menos faturamento para a empresa”, avalia.

Fora do estado

Ação semelhante foi implementada em São Paulo, no fim do ano passado, quando as tarifas foram reajustadas em 6,49%. Para justificar o aumento, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) informou que o índice foi estabelecido por causa da situação atípica do mercado e para assegurar equilíbrio econômico-financeiro.

Em São Paulo, mesmo com a alta dos níveis dos reservatórios, uma nova alteração na tarifa já está sendo estudada para o mês de abril. Além da inibição do consumo, a medida também é considerada para cobrir perdas financeiras da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A estimativa é que a estatal deixe de arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão por ano em função das medidas adotadas em decorrência da crise hídrica.

Consequências

A Copasa não descarta a possibilidade de que algo semelhante ocorra em Minas. Em nota, a empresa informou que “estuda formas para amenizar as consequências advindas com a redução de consumo por parte da população, como a diminuição de seus custos e perdas, e também estuda adotar mecanismos tarifários de contingência”.

O reajuste precisa ser aprovado previamente pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG).

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